Houve um tempo em que o céu já não ficava tão claro, o sol
estava quase morto. Os dias eram escuros, as noites mais ainda. A humanidade
ainda mais egoísta e trapaceira que antes, estava mais difícil ainda de se
viver em um mundo desses...
A sociedade nunca mudou, continuava injusta. A tecnologia
avançou e a Era cyber estava longe de terminar. Armas mais fortes, doenças mais
fortes, computadores eram coisas do passado... A Era dos robôs começara há
muito tempo.
Humanos se tornavam metade robóticos por perderem um braço e
colocarem um robótico no lugar, mas isso era pra quem tinha dinheiro... Uma
coisa mudou agora, não tinha mais tanto aquele preconceito com classe social,
pois...
Os pobres morriam mais cedo.
Nesses tempos um garoto estava correndo pelas ruas, com uma
mascara qualquer no rosto, talvez por não se expuser as novas doenças. Calça e
tênis esfarrapados, pretos. Sem camisa, pois nunca teve uma. Aprendeu a superar
o frio, porque blusa incomodava. O dia todo trabalhava para pessoas ricas e
corruptas levando coisas as escuras, mas odiava fazer isso. Só que se não
fizesse, como ele iria sobreviver? Mesmo sendo 100% humano, ele se sentia um
robô. Odiava robôs, eram monótonos.
Ele dormia num prédio abandonado e no subsolo, havia um
colchão rasgado encostado num canto, alguns cadernos e lápis jogados e um velho
violão. Tão velho quanto o menino. Todo
dia levantava com fome, corria para os seus chefes e já começava a trabalhar,
levando desde cartas e drogas de um lado pro outro. No final do dia, tinha uns
trocados para tomar um copo de leite e algumas bolachas, não eram das melhores,
mas aprendeu a comer isso, logo já não sentia o gosto.
E o todos os dias isso se repetia...
Quando voltava pra casa, as únicas horas em que se sentia
humano era junto do violão e do caderno... Escrevia musicas, as tocava e
cantava. Todas as músicas eram inteligentes e que atingiam a sociedade, ninguém
poderia ver aquilo, talvez fosse preso por isso. Preso por ter liberdade de
pensamento, por não ter medo de escrever.
Mais um dia de trabalho, indo e vindo dos lugares. Becos
escuros, casas chiques, lugares pobres, lugares ricos, lugares iluminados,
lugares fedidos. Um dos chefes o mandou entrar, deu ao garoto uma mascara
robótica, com varias utilidades e disse que de agora em diante sempre que fosse
pegar sua mercadoria e entregar, ele não deveria retirar a mascara. Deu-lhe
dois pares de luvas e disse que se perdesse algum estaria tudo bem, mas se
perdesse os dois, iria fazer a entrega correndo risco de ficar com alguma
mutação nas mãos, as coisas de agora seriam tóxicas e deveriam ser entregues em
perfeitas condições, com muito cuidado e sem ninguém saber. Não deveriam ver
nem sua sombra.
O menino ficou assustado no inicio, ele também odiava o trabalho,
trabalhar para ladrão era pior do que tudo se sentia irado por dentro, tinha
que aceitar o que ele tinha.
Aceitou o trabalho. Chefe o mandou embora, mas lhe deu um
troco a mais dessa vez, disse que receberia mais agora e disse que se o menino
lhe causa-se problemas, não era só o dinheiro que ele lhe cortaria.
Saindo da mansão o garoto viu uma garota: Baixinha, cabelos
escuros, olhos castanhos, branquinha... Naquele momento soube que queria voltar
na casa mais vezes. Quis falar com a menina, só sabia que isso traria problemas.
A menina o viu saindo, ele criou coragem de acenar e saiu ao sair deparou-se
com a mulher do chefe, ela disse ao menino para nunca se aproximar de sua filha
ou ele seria degolado.
O menino partiu, com raiva nos olhos e um sorriso no rosto.
Estava cansado de ser pouco e fraco, era hora de fazer o que ele queria.
Cumpriu seu trabalho muito bem por um mês, naquele mês não
viu a menina. Quando um dia, estava voltando pra casa, tirou um desenho do
bolso. Era ele, só que mais velho e com um lobo atrás.
Era assim que se imaginava, um Lobo. Era assim que o
chamavam, ninguém sabia seu nome, se recusava a dizer. Tinha algumas cicatrizes
nas costas, apanhou quando não respondeu seu nome aos chefes. Então concluíram
que iriam lhe chamariam de lobo, pois o garoto tinha a garra, a sabedoria e
rebeldia de um. Talvez a capacidade de amar de um, contudo nunca descobriu.
Parou. A garota estava do lado de fora dessa vez, olhando a cidade de cima do
morro cheia de luzes ainda sim escura e sombria.
Lobo foi até ela e disse:
-A cidade é tão assustadora quanto os filmes de terror que
eles criam - e ela perguntou o porquê ele diz isso, ele respondeu - Porque
mesmo cheia de luzes,ela é tão escura quanto o céu de noite.
Ela viu o papel na
mão dele e pediu pra ver, ele hesitou um momento, então deu a menina.
Ouviu o pai dela chamar, então Lobo correu tão rápido como
se estivesse para perder a vida, talvez estivesse, pois ele sabia que não devia
falar com ela. Ela respondeu ao pai e voltou pra casa, olhando mais uma vez pra
trás, mas não havia mais vida ali. Apenas o vento fazendo seu som estranho e
assustador de sempre.
Nos outros dias lobo foi todos os dias trabalhar ansioso pra
tentar ver ela, mas demorou dias novamente até que ele a visse. Quando a viu d
novo, escondida fora de casa. Ele se aproximou e sentou ao lado dela e
perguntou:
- Tem medo de mim?
- Não
- Tem raiva de mim?
- Não
- Então você é diferente de seus pais – Ele respondeu,
olhando pro céu.
Ele estava tímido, mas pensou em todas as vezes que se
comportou como um robô... Apenas, acordando, trabalhando, comendo, tomando
banho e dormindo. Então ele esqueceu sua timidez e disse a menina:
- Você é linda.
Ela ficou sem jeito e não respondeu. Ficaram em silêncio por
muito tempo.
Ela sussurrou:
- Lobo.
Ele perguntou:
- O que?
- O desenho tem um lobo atrás daquele homem.
-Eu serei aquele homem, e lobo... Eu já sou...
Ela sorriu e ele acabou sorrindo junto.
- Porque me trata normal em vez parecer rude como seus pais?
- Porque você é humano como eu.
- Você é diferente.
- Você também.
***
Desde então todos os dias os dois se encontravam por alguns
instantes depois do trabalho dele. Coisa que ele passou a fazer com gosto todos
os dias, pois parecia cada vez mais animado. Um dia ele pegou a mão dela e a
puxou pra mais perto em um abraço, mesmo sem saber a reação da mesma.
Ela não disse nada. Ele sussurrou:
- Quer ser a minha namorada?
- Mas os meus pais...
- Você me ama?
- Amo...
- Quer ser minha namorada?
- Quero...
- Aceita eu como eu sou?
- Sim
***
O menino tornou-se um homem... O homem q disse que seria e
seu codinome começou a ser reconhecido. Ele ficou forte e o seu trabalho mesmo
no começo não sendo reconhecido, com o tempo foi reconhecido e as pessoas ruins
tinham interesse nele. Ele se odiava por isso, mas ele mudaria. Ele cresceu
como um lobo, e a partir do momento em que escolheu sua amada, nunca mais a
deixaria. Seu chefe, não era mais rude, pois o menino se tornou um homem melhor
que muitos deles. E o que ele disse a menina naquele ultimo dia de trabalho
foi:
- Eu quero que se case comigo, agora não sou mais um nada
como eu era antes, pois eu cresci e amadureci por você. Eu sou Lúcio. Tornei-me
um deles, mas não como eles. Eu vou mudar as pessoas, do meu jeito. Espero que
goste de música. A partir de hoje, quero que seja minha mulher e confie em mim.
- Eu sou sua --Sorriu.
- Eu serei o seu lobo e a protegerei de tudo, minha loba,
Letícia.
Autoria: L. Wolf
2 comentários:
Está viva minha lupina preferida! De volta ao Arcanjo!
Obrigada *-* ...agr só preciso manter isso xD
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