| O Lobisomem
Ninguém quer nada com um rapaz diferente
Que percorre solitariamente as ruas
Às horas mortiças de pálidas luas
Quando os incautos dormem longamente
Ninguém quer nada com um rapaz soturno
Em contato agreste com a natureza
Tímida e selvagem, feita de incerteza
Raio fulgurante sob o céu noturno
E todos ignoram o seu uivo triste
O seu arranhar de portas e muros
O seu caminhar por becos escuros
Onde a raiva mora e a norma não existe
Também assim tantos percorrem vidas
Escondendo nas sombras a duplicidade
Num mundo aparente de normalidade
Em que com os iguais vão lambendo as feridas.
| Os Espectros
Os
espectros perseguem-nos no escuro
Sem pertença ao futuro ou ao passado
Essas sombras que não são de nenhum lado
Essas coisas infantis de olhar impuro
Sem pertença ao futuro ou ao passado
Essas sombras que não são de nenhum lado
Essas coisas infantis de olhar impuro
Vagueiam
talvez pelo não-lugar
Que sentimos como algo real
Onde se esbate todo o bem e o mal
E onde se dilui todo o pensar
Que sentimos como algo real
Onde se esbate todo o bem e o mal
E onde se dilui todo o pensar
Não
são metáforas de nada
São o mero vácuo e a negridão
Os restos crus de uma indigestão
Ou os sons sentidos da noite calada
São o mero vácuo e a negridão
Os restos crus de uma indigestão
Ou os sons sentidos da noite calada
E
não servem qualquer finalidade
Nem de nos fazer pensar no universo
Nem de nos fazer criar um verso
Esses monstros do vazio sem idade
Nem de nos fazer pensar no universo
Nem de nos fazer criar um verso
Esses monstros do vazio sem idade
São
o próprio retrato da existência
A verdadeira, sem vãos misticismos
As fases do sono e dos abismos
Que confundem e entretêm a ciência
A verdadeira, sem vãos misticismos
As fases do sono e dos abismos
Que confundem e entretêm a ciência
Jorge Simões
Lambido
de Poesia Para Quem Quiser
3 comentários:
Obrigado pela inclusão, é sempre agradável - quando se faz o que se deve: indicar o autor e a origem. Como aqui sucedeu... Abraço.
Nós que agradecemos pelo seu excelente trabalho! Grande Abraço!
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