terça-feira, 29 de novembro de 2011

Injustiças...


A cor da pele passara a ser utilizada para dividir as pessoas, dava a entender que a pele crioula tinha menos importância que as demais. Grupos de homens brancos se reuniam para vandalizar, enquanto os demais iam apenas se isolando. E eles nem sabiam que também poderiam dividir a sociedade em espécies.

Os excluídos mudavam-se para lugares onde as placas “Lugar Específico de Pessoas Brancas” não existiam, mas infelizmente, eles o perseguiam.

Uma noite comum, três homens cuja cor branca não representava a paz, adentraram o terreno, as vestimentas de homens da lei talvez o dessem direitos de berrar e urrar. Eles bateram fortemente na porta da casa do velho homem negro. A cor escura da pele contrastava com o branco dos cabelos, cor branca que não permitia que tivessem respeito algum por ele naquele momento. Empurraram-o e invadiram a casa, destruindo cada pequena lembrança que o homem guardou da juventude.

O velho, no entanto, permanecia quieto, observando o vandalismo enquanto suplicava baixinho:

- Não quebrem as coisas... Podem fazer o que quizerem comigo, mas não quebrem as coisas!
A voz alcançou o ouvido de um dos homens brancos que com violência arremessou um vaso de plantas em direção ao velho que nem se moveu, apenas pressentiu que o vaso se destruiria na parede sem sequer causar um arranhão nele.

- Não quebrem minhas plantinhas por favor!

O pedido foi recebido em forma de zombaria e risos, num só golpe derrubaram todas as plantas do homem negro, a grande maioria eram ervas medicinais as quais ele usava para curar doenças do corpo e da alma. O velho abaixou a cabeça e balançou-a em forma de reprovação:
- Eu pedi... Não quebrem as plantinhas! Por que quebrar as plantinhas?

Largando a bengala no chão, o idoso endireitou a coluna fazendo soar alguns dos ossos pelos cômodos da casa destruída:

- Vocês homens brancos da lei invadem minha casa, batem em meu peito e destroem minhas plantas como se fossem raposas atacando a ovelhas, mas nem ao menos sabem como um animal deve agir...

Enquanto falava, o corpo do velho parecia ficar levemente mais forte, a voz rouca agravava-se a ponto de parecer grunidos nas últimas palavras, os olhos negros agora estavam envoltos de fúria. Quem poderia imaginar que um velho homem negro poderia tornar-se uma Fera tão perigosa?

A Fera Negra caminhava em direção aos três homens brancos:

- Antes... Era injusto por ser três homens jovens contra um velho crioulo, não era? Agora é injusto? Creio que não... A propósito, ainda sou velho e vocês ainda são três...

Os homens correram para fora da casa e o velho nada fez contra eles, apenas uivou o mais alto que pôde de forma que até um cão há 10 quilômetros de lá poderia atender ao chamado.

Velho sentou-se ao chão e juntou na palma das patas um punhado de terra que caira de um dos vasos destruídos:

- Eu não vou machucá-los homens... Eu não sou que nem vocês, nem sequer sou da mesma espécie...

4 comentários:

Mônica disse...

Eu chorei aqui...

Kiba disse...

Estória perfeita, tal como um lobo agiria, nota 10

Anônimo disse...

Eu fiz esse texto com base num filme que assiste no Corujão recentemente... Cá entre nós, eu chorei assistindo esse filme... Eu fiz umas adaptações! Acho que ficou um bom texto...

Anônimo disse...

#Fato. Se todos nós temos raça se espécies diferentes, tudo bem, ainda somos animais, mas somos todos humanos e devemos nos respeitar.(respeito mesmo é oque esses seres ai que usam a forma humana como disfarçe a atacam os mesmo he)
Lycans 4ever

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.