quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Solitário




Como um fantasma que se refugia 
Na solidão da natureza morta,
 
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
 
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
 
-- Velho caixão a carregar destroços --

Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!


Augusto dos Anjos

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