Massachusetts foi uma colônia
britânica na América do Norte fundada por puritanos descontentes com a Igreja
Inglesa. Suas posições calvinistas eram mais conservadoras do que as de outros
grupos protestantes.
Os puritanos desejavam uma Igreja
forte que tivesse poderes civis. Esse ideal gerou leis como a de que somente os
membros da Igreja Puritana tinham direito ao voto a cargos públicos. Em
Masschusetts tornou-se obrigatória à presença da Igreja nas cerimonias oficiais
do Estado. Além disso, os novos credos passavam pela aprovação da Igreja e do
Estado, e a desobediência às rígidas normas doutrinais era punida conjuntamente.
A característica autoritária dessa
associação Igreja-Estado desembocou numa perseguição implacável a todas as
formas de contestação reais ou imaginárias. Em 1692, na cidade de Salem um
grupo de adolescentes acusou várias pessoas da comunidade de enfeitiça-las,
dando inicio a um surto de bruxaria. Apesar de esse tipo de acusação ser comum
no período de Salem, os acontecimentos levaram a cidade à histeria coletiva.
Tudo era atribuído às ações do demônio: moças que olhavam pelo chão aos gritos,
pessoas que caiam doentes sem causa aparente ou que não acordavam pela manha,
animais que morriam e até as árvores que secavam.
Os acusados eram convocados a
comparecer diante de um juiz que colocava frente a frente com seu acusador. Era
comum as moças “enfeitiçadas” terem novo ataque histérico diante do réu. Os
“bruxos” eram enviados à prisão e examinados, pois se acreditava que
intimidades com o demônio deixavam marcas no corpo, como tumores, manchas,
polegares deformados, etc.
As acusações atingiam pessoas de
todos os níveis, ate mesmo as que gozavam de alto prestígio social. Submetidas à
tortura, muitas confessavam ter relações com o demônio e haver realizado
feitiços. Tais acontecimentos faziam parte de
um mundo cristão, cuja crença nas forças do mal e sua ação efetiva no mundo eram
incontestável. Sem duvida, contribuíram para o episodio de Salem as inflamadas pregações
dos pastores como Cotton Mather, autor de um dos mais influentes livros do
período, “As maravilhas do mundo invisível”. No livro, ele descreve com
minúcias as forças malignas que incidiam sobre o mundo.
O caso de Salem recebeu diversas explicações.
As de caráter psicológicos enfatizaram a supervalorização demoníaca de
conflitos comuns, como entre pais e filhos, por exemplo. Também ressaltaram
que, numa vida extremamente regrada pela dura doutrina calvinista, a possessão
demoníaca era uma porta de saída.
Outras abordagens ressaltam as
tensões sociais internas das colônias, onde acusar um rival tinha grande peso e
efeito politico. Além disso, a Nova Inglaterra vivia em estado de tensão
decorrente dos conflitos entre indígenas e puritanos. Muitos colonos haviam
sido mortos ou capturados. Também foram colocados questão as frustações dos
protestantes, que esperavam construir na América um mundo regido pelas leis de
Deus e da Bíblia.
Independentemente do que as originaram, as tensões permaneceram.
Os pastores puritanos viram no
surto de bruxaria um modo de recuperar o controle e o entusiasmo do grupo,
atribuindo todos os problemas a atuação do demônio. O saldo final dos
acontecimentos de Salem foi à prisão de mais de duzentas pessoas e a execução de
seis homens e de quatorze mulheres.
Fonte: Ser Protagonista História 2° Ano
por Fausto Henrique e Marcos Alexandre. SM EDIÇÕES
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