quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Elementar Meu Caro! (Parte VI) - Hora da Pizza!




-... o Arcanjo, como ficou conhecido pela policia, responde a mais de dez homicídios e uma imensa série de assaltos, além de ser suspeito de mais cinco homicídios cometidos nesta semana...

- Cinco homicídios? Estão matando em meu nome ou eu perdi a noção das coisas?

Sam estava ficando velho, mas ainda não estava louco. No auge de seus 38 anos tinha o fôlego de um garoto e muito se orgulhava disso. O noticiário o deixou intrigado: “... cinco homicídios cometidos nesta semana...”, a polícia estava enganada outra vez. Na primeira vez em que ele havia sido preso, foi por um enorme engano, antes da penitenciária, Sam não era um matador, mas por culpa de um policial despreparado que atirou por engano num civil, o Arcanjo foi condenado por homicídio, um que nunca cometeu.

A prisão serviu-lhe de escola, entrou um ladrãozinho de quinta categoria e saiu o melhor atirador da América. A facilidade na qual as armas entravam no presídio ajudou com que ele obtivesse seu primeiro Colt. Sam tornara-se um criminoso por acaso, a vida pedia que ele fosse aquilo, era um instinto de sobrevivência falando mais alto, mas no fundo de seu peito tinha um profundo ódio de tudo aquilo, inclusive de si mesmo.

*     *     *

Anoitecia na cidade e a iluminação dos postes juntamente com os faróis dos veículos, deixava a paisagem urbana mais bonita ainda. Sammuel estava em seu apartamento no centro da metrópole, sozinho como sempre, ouvindo músicas.

“I saw you standing at the gates
When Marlon Brando passed away
You had that look upon your face
Advertising space…”

Sam cantarolava juntamente com o cantor, errando vez e outra a letra da música. Vivia há bastante tempo sozinho naquele apartamento que nem sentia mais falta de outras pessoas,a música era o que supria sua necessidade.

O interfone toca, Sam abaixa o volume da música e vai atendê-lo.

- Foi daí o pedido da pizza?
- Foi sim, pode mandar subir.

Sam foi direto à porta para aguardar ao entregador, separava alguns trocados para dar ao rapaz que eventualmente viesse entregar a pizza. A porta do elevador se abre e com dificuldade alguém empurra uma imensa bolsa de entregas. Não parecia um entregador, pelo menos nunca tinha visto um tão desajeitado, tratava-se de uma bela jovem, rosto corado, cabelos negros e curtos, com um sorriso muito alinhado sob os lábios bem marcados pelo batom de vermelho intenso.

- La pizza é por conta da casa monsieur Arcanjo. Agora... Podemos conversar um pouco mon “menino malvado”?

Instintivamente Sammuel leva a mão ao cós da calça e segura a Magnum, a partir dali, qualquer movimento em falso e ele estará pronto para atirar.

Continua...
Gabriel D'Amorim

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