sábado, 2 de julho de 2011

O Lobo Solitário



Esta noite, pela madrugada 
Ouvi uma melodia encantada, 
Da chorosa guitarra de um trovador. 
Foi cantando em sentidas quadras, 
Repletas de palavras magoadas 
A história de um caso de amor. 
Segundo a lenda rezava, 
Um pobre lobo solitário 
Vivia o mais triste dos fados. 
Apaixonou-se pela lua, 
Sonhava-a como se fosse sua 
E tinha o coração em pedaços. 
Correndo à noite pelos montes, 
Todos os ribeiros e fontes, 
Na esperança de poder tocar-lhe. 
Tal era o amor que sentia, 
Que mal via raiar o dia 
Na sua toca se refugiava. 
E quando a noite chegava, 
Para a sua amada, ele corria. 
Perdido na sua doce loucura, 
Cansado de tanto tentar, 
Percebeu que à sua bela Lua 
Jamais se poderia juntar... 
Perdido no seu desespero, 
Sentindo apenas a dor, 
De não ter seu grande amor, 
Ficou-se no monte a chorar... 
No uivar rouco trazia os gemidos, 
E os versos mais sofridos 
De um coração magoado. 
Seus lamentos de tão sentidos, 
Tão intensamente vividos, 
Giraram o mundo inteiro. 
E tanto descontentamento, 
Tocou bem fundo na alma 
De todos os seus companheiros. 
Desde então que pelos montes 
Não mais teve fim, este legado: 
Os lobos seguem uivando à lua,
 Como que esconjurando o calvário 
De um amor desafortunado... 
A história do lobo solitário.


Autoria: Paula Correia

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