No meio da sala vazia Sammuel massageava a cabeça pressionando as têmporas fervorosamente. Fazia tempo que aquela dor atrapalhava sua vida social, se é que ele tinha uma.
Sentado num banco que de tão velho tinha apenas três pernas, Sammuel caçava na escuridão do apartamento, uma garrafa de whisky que havia escorado ali por perto. Encontrando-a, tomou um enorme gole da bebida quente que descia rasgando sua garganta.
Seu celular começa a vibrar e com dificuldades ele inicia uma guerra para tirar o aparelho do bolso da calça, a posição a qual estava sentado atrapalhava a movimentação de sua mão. Quando enfim consegue o celular, lê a mensagem de texto rapidamente e lança o aparelho na parede.
Puxa a manga da camisa e olha a hora. Apóia as mãos nos joelhos e se levanta com um pouco de dificuldade, logo em seguida se dirige à janela do apartamento. Observa o movimento na rua, do cós da calça saca uma bela Buntline, põe o cano da arma por uma fresta da janela e com apenas um tiro ele acerta a cabeça de um homem que passava em seu carro há uns 200 metros de onde ele estava.
Sammuel assopra o cano da arma e caminha até a porta do apartamento. Do lado de fora observamos uma velha pensão imunda, paredes com manchas de mãos sujas e com a tinta descascando em todo lugar, o piso era de uma cerâmica bem velha, quase todo arranhado. Ele dirigia-se até a escadaria, cada passo que dava num degrau da escada era um estalo num som diferente. Já no balcão do velho estabelecimento, Sammuel deixa uma nota de 100 dólares para o rapaz que recebe as chaves e sai sem dar explicação alguma.
A rua está bem tumultuada, várias pessoas correm pra ver o possível assassinato ocorrido na avenida principal. Sammuel faz uma cara de desentendido e segue a multidão que vai rumo ao carro parado na rua.
Ordenando a todos que se afastem, ele mostra seu distintivo policial. Chega perto do corpo e vê que a bala entrou pelo olho esquerdo e não teve orifício de saída, esticando um pouco mais a cabeça dentro do carro, encontra um aparelho celular com alguns pingos de sangue e com uma chamada ainda ativa.
Com cuidado para não encostar muito no corpo, ele pega o aparelho celular e fala com a pessoa do outro lado da linha:
- Alô?!... Então, você tem alguma idéia de quem será o próximo?
No outro lado escuta-se apenas um riso rouco seguido do som de um telefone sendo desligado.
Rapidamente Sammuel tira o chip do celular e guarda o aparelho num dos bolsos, saindo do local do crime assim que ouve o som da sirene da ambulância. Não tão distante um dos populares grita:
- Senhor policial! Não vai ajudar o pessoal da ambulância?
- Sim, eu vou sim. Vou chamar o IML agora mesmo.
Um táxi vem passando lentamente e observa a multidão. Sammuel estica o braço e o carro para bem ao seu lado. Entrando no carro ele diz ao taxista:
- Porque não respondeu quando eu falei com você ao telefone?
Uma voz rouca então responde:
- Você não respondeu minha mensagem e eu bem sei que você odeia conversar pelo celular.
Continua...
Gabriel D'Amorim
Um comentário:
Excelente texto .. quero acomapanhar a continuação!
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