Lá estavam, Sam e Blanca, saboreando a pizza. A jovem francesa observava cada um dos simples movimentos do Arcanjo, todo aquele cuidado que ele tomara para não sujar a boca com o molho da pizza, tudo nele a fascinava.
- Monsieur Arcanjo, vous me permettrait ver as suas cicatrices?
- Só se você me prometer não me chamar mais de “monsieur Arcanjo”. Isso é chato sabe.
Blanca sorriu e confirmou com a cabeça. Sammuel limpou as pontas dos dedos num guardanapo e levantou a camisa enquanto virava-se de costas para mostrar as marcas à francesa. Os olhos fixos nas enormes feridas curadas não foram suficientes para Blanca, os dedos já viajavam para tocá-los. Sam olhava pelos cantos dos olhos, sentindo a delicadeza que a jovem repórter depositava em cada movimento. Quase que desconhecia a beleza de um bom carinho de tanto tempo que não sentia e num instante o assassino frio e calculista voltava a ser o jovem Sammuel de antigamente.
- Vous sente quando je touche em suas cicatrices?
- Sim, eu sinto!
As mãos de Blanca saíam das cicatrizes e começavam a percorrer as imensas costas de Sam, os músculos se contraíam na medida em que ela os tocava. Sammuel se afastou um pouco e fez que vestiria a camisa novamente.
- Não vista la chemise monsi... Je veux dire, Sammuel, não vista-se agora!
Sam ficou de pé e soltou a camisa em cima do sofá, olhou a francesa dos pés a cabeça e fez uma feição muito parecida com a de um cão quando não entende bem alguma coisa. Curvou-se e pegou a arma, colocando-a novamente no cós da calça, caminhou um pouco e aumentou o volume da música, porém pouco se importou com o que tocava.
- Alguém mais sabe que você está aqui em minha casa?
- Non, absolument ninguém!
Sam abriu um largo sorriso, podiam ver quase todos os seus dentes quando ele sorria dessa maneira. Blanca levantou-se um tanto apreensiva, pensando o tempo todo na arma que ele levava junto do corpo.
- Já pretende sair senhorita? Não acha tarde pra você ficar lá fora?
O medo queria que ela saísse do apartamento, mas um instinto quase que animal suplicava para que ela permanecesse no local. Seus olhos fixavam-se na cena daquele homem sorridente e sem camisa, tão perigoso, tão mortal, tão tentador. Sam também demonstrava total interesse em Blanca, mal podia lembra quando tinha sido a última vez que uma mulher entrava em seu apartamento.
Sammuel deu alguns passos pra perto de Blanca, agarrou a arma novamente, os batimentos cardíacos da moça aceleravam a ponto de ser possível ouvi-los mesmo não estando tão próximo. Sam joga a arma no sofá.
- Durma comigo essa noite – disse Sammuel calmamente – prometo que não vou ser um “menino malvado”, a não ser que...
Blanca não deixa Sam terminar a frase, dá nele um beijo cinematográfico que seria uma forma simples que ela encontrara de dizer: “cala a boca seu idiota, é claro que eu quero dormir com você!”
Continua...
Gabriel D'Amorim
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