sábado, 9 de outubro de 2010

Elementar Meu Caro! (Parte VIII)



Lá estavam, Sam e Blanca, saboreando a pizza. A jovem francesa observava cada um dos simples movimentos do Arcanjo, todo aquele cuidado que ele tomara para não sujar a boca com o molho da pizza, tudo nele a fascinava.

- Monsieur Arcanjo, vous me permettrait ver as suas cicatrices?
- Só se você me prometer não me chamar mais de “monsieur Arcanjo”. Isso é chato sabe.

Blanca sorriu e confirmou com a cabeça. Sammuel limpou as pontas dos dedos num guardanapo e levantou a camisa enquanto virava-se de costas para mostrar as marcas à francesa. Os olhos fixos nas enormes feridas curadas não foram suficientes para Blanca, os dedos já viajavam para tocá-los. Sam olhava pelos cantos dos olhos, sentindo a delicadeza que a jovem repórter depositava em cada movimento. Quase que desconhecia a beleza de um bom carinho de tanto tempo que não sentia e num instante o assassino frio e calculista voltava a ser o jovem Sammuel de antigamente.

- Vous sente quando je touche em suas cicatrices?
- Sim, eu sinto!

As mãos de Blanca saíam das cicatrizes e começavam a percorrer as imensas costas de Sam, os músculos se contraíam na medida em que ela os tocava. Sammuel se afastou um pouco e fez que vestiria a camisa novamente.

- Não vista la chemise monsi... Je veux dire, Sammuel, não vista-se agora!

Sam ficou de pé e soltou a camisa em cima do sofá, olhou a francesa dos pés a cabeça e fez uma feição muito parecida com a de um cão quando não entende bem alguma coisa. Curvou-se e pegou a arma, colocando-a novamente no cós da calça, caminhou um pouco e aumentou o volume da música, porém pouco se importou com o que tocava.

- Alguém mais sabe que você está aqui em minha casa?
- Non, absolument ninguém!

Sam abriu um largo sorriso, podiam ver quase todos os seus dentes quando ele sorria dessa maneira. Blanca levantou-se um tanto apreensiva, pensando o tempo todo na arma que ele levava junto do corpo.

- Já pretende sair senhorita? Não acha tarde pra você ficar lá fora?

O medo queria que ela saísse do apartamento, mas um instinto quase que animal suplicava para que ela permanecesse no local. Seus olhos fixavam-se na cena daquele homem sorridente e sem camisa, tão perigoso, tão mortal, tão tentador. Sam também demonstrava total interesse em Blanca, mal podia lembra quando tinha sido a última vez que uma mulher entrava em seu apartamento.

Sammuel deu alguns passos pra perto de Blanca, agarrou a arma novamente, os batimentos cardíacos da moça aceleravam a ponto de ser possível ouvi-los mesmo não estando tão próximo. Sam joga a arma no sofá.

- Durma comigo essa noite – disse Sammuel calmamente – prometo que não vou ser um “menino malvado”, a não ser que...

Blanca não deixa Sam terminar a frase, dá nele um beijo cinematográfico que seria uma forma simples que ela encontrara de dizer: “cala a boca seu idiota, é claro que eu quero dormir com você!

Continua...
Gabriel D'Amorim

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