Elementar Meu Caro! (Parte IV) - Nasce o Arcanjo

Um simples pedaço de papel não significava nada, mas aquele recado deixou Sammuel bastante curioso. Após o breve lanche ele deixa em cima da mesa umas notas e sai sem ao menos se preocupar com troco.

Caminhando pelo centro da cidade ele recorda de seu passado sombrio, dos bons tempos e dos péssimos tempos. Quase que automático, pega os fones de ouvidos e começa a ouvir música aleatoriamente, como sempre faz. A mente distante e o olhar perdido o levam a sua adolescência, onde havia um Sammuel calmo, despreocupado com a vida, até um dia em que ele chega a sua casa e encontra a mãe assassinada. A vida do jovem Sammuel muda de vez, o pai há tempos tinha se separado da família, os graves problemas com o álcool o obrigaram a fazer isso.

Após a perder a mãe, Sammuel foge da cidade e passa a viver mendigando e cometendo pequenos delitos por onde passa. Esse era o início de sua vida criminosa. Pouco tempo depois ele se une a um pequeno grupo de jovens que também viviam da mesma forma, daí ganha seu apelido de Arcanjo devido a duas cicatrizes grandes nas omoplatas, ganhas numa fuga da polícia onde por engano escorrega e rasga literalmente as costas, dando a idéia de que suas “asas de anjo” foram retiradas.

O “Arcanjo” começa a ver a vida com outros olhos, a inocência perdida com a morte da mãe vira uma vingança interminável à sociedade. Sammuel novamente se questionava do por que da morte de sua mãe, realmente não havia motivos para que alguém fizesse isso, era uma boa mulher, nunca fazia nada de ilegal e por mais que procurasse algo ruim nela, encontrava apenas o fato de ter casado com seu pai como um erro, talvez o que causara sua morte.

Enquanto caminhava, lentamente passou a mão numa das cicatrizes e lembrou-se de Theo, era quase como um irmão para Sammuel, podia contar com ele o tempo inteiro, a recordação veio da mesma época que ganhara as cicatrizes e Theo cuidadosamente tratou de seus machucados, chegava a passar noites e mais noites acordado, apenas observando o sono de Sam. Em um de seus crimes bem sucedidos, ambos se olharam e disseram um para o outro que aquela parceria nunca iria terminar. Um triste engano que foi regido pela rebeldia de Sam, talvez se ele pensasse um pouco mais, ainda hoje estariam juntos, como o prometido.

Continua...

Gabriel D'Amorim