Vida sombria e complicada, cheia de honras e falsas promessas, com leves toques de sossego e imensos vãos de insanidade.
Assusto aos outros e a mim mesmo ao ver minha imagem refletida naquele lago. “Quem és tu?”, pergunto-me o tempo todo, porque naquela imagem não identifico se é homem ou se é fera. Apenas vejo o medo e a dor de um mero espectro do ser que eu já fui um dia.
Procuro sanidade, algo que me mantenha vivo para pensar nem que seja com um fio de juízo, mas não a encontro. Procurei então demência para me tornar decrépito e inválido, porém minha alienação mental não foi extravagante o suficiente.
A mente gira, o corpo paira no ar, nem vivo e nem morto, apenas descansado, a realidade começa a declinar e o véu da magia é rasgado. Sinto uma bondade cruel invadir meu peito e o calor de uma malícia inocente aquecer minha alma.
Nada faz sentido, só compreendo o avesso das coisas. Naquela imagem eu vejo meu maior medo: o homem mais perigoso que eu pude conhecer; o mais falso humano que já existiu; o pior e mais impiedoso de todos os assassinos. Nos olhos arredondados também vi que sentia medo, porque neles brilhava um monstro negro de veias dilatadas e dentes sujos de sangue. Ambos, homem e fera cara a cara, enfrentavam-se num eterno duelo, beirando loucura e lucidez.
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