Como dizia o poeta: “que terá na lua que sempre que a contemplamos, sentimos como se fosse a primeira e a ultima vez que a teremos ao alcance dos nossos olhos?”. Foi sob sua luz que tudo aconteceu. Perante a visão concedida por sua graça, o ser sublime definhava. Ele que tanto lutou... Que superou tantas espadas. Que tanto amou... E ainda ama. Esse amor colossal era a única coisa que ele podia sentir naquele instante. - Minha cabeça repousava sobre o mais aconchegante dos colos, a mão mais macia me acariciava os cabelos. E me dirigia palavras que doíam mais do que cada órgão perfurado naquele instante.
“Não entendes que morrendo estás me transformando num corpo sem alma? Como poderei eu viver sem saber que não respiras mais nesse mundo? Perdôo-te por me matar, mas nunca perdoarei por morrer. Vivo sem minha alma, mas sem a tua não vejo horizonte, pois eu sou tua alma. fecha teus olhos para meu mundo, e fecha-os também para minha alegria, pois não me dou ao direito de senti-la sem que possa ser compartilhada contigo. Não percebe? Eu sou você. Cada movimento realizado por meus membros é baseado em te agradar, então que razão me tem para mover-se? Deixar-me é a ultima coisa que podes fazer.”
Ouvir tais palavras saindo daqueles doces lábios torturava-me mais do que a idéia de saber que eu estava morrendo. Deixá-la doía mais do que morrer. Mas se era pra eu deixar essa vida, não poderia estar em melhor forma. Eu estava junto dela, e apenas isso tornava o momento perfeito. Tornava agradável ate mesmo a morte. Até mesmo o momento mais doloroso para um coração que ama verdadeiramente. Eu sabia que naquele instante, ela preferia ver a seu próprio fio de vida ser cortado do que ao meu. Eu sabia, por que eu também morreria e mataria a todos por ela.
“Eu sei minha vida, que nosso amor é maior que morte. Disso eu não tenho dúvidas. Mas sei também que ela irá nos separar para sempre. E saber disso seria menos doloroso se eu me fosse junto contigo nesse exato instante, dependo de você tanto quanto você depende de mim. Sei também que estará sempre presente, mas não será ao meu lado. Não me importaria de enlouquecer sendo atormentada pelo teu espírito. Se eu pudesse tocá-lo... se ele pudesse me possuir só para eu ter certeza de que ele realmente estaria lá. Qualquer coisa. Faria eu qualquer coisa para que eu não te perca. Sabes disso, então, por que não me diz o que fazer? Você, que sempre soube de tudo, certamente sabe o que fazer agora, pois vamos, diga-me.”
Inúmeras dores eu sentia, mas nenhuma comparada à dor de saber o que eu causaria a ela. Preferia nunca tê-la encontrado, preferia talvez nunca tê-la feito me amar... Eu sabia que isso iria acontecer. Como eu fui egoísta! O ser de maior importância na minha vida está em prantos e por minha causa. Se alguém causasse tanta dor a ela, certamente eu mataria. E agora, eu sou o motivo da dor. Queria poder dizer a ela como eu lutei com todas minhas forças, cada um que derrubei foi pensando nela. Mas minhas forças se esgotavam. Os seus suspiros ficavam cada vez mais distantes e as minhas dores se intensificavam a ponto de eu não suportar mais nem um segundo. Quem me dera eu poder dizer pela ultima vez “Eu Te Amo”.
Abri meus olhos. Ela estava linda como nunca. Achei que não era possível de aquela beleza habitual ficar ainda mais pura. Seus olhos molhados. As lágrimas cintilando a luz pálida. E no cabelo tombando de lado, aquela flor que tanto marcou nossos dias.
Mais uma Obra de Clara Bispo.
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