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Os predadores da era contemporânea caçam em florestas de asfalto, alvenaria e vidro. Suas presas e garras são colocadas a prova em meio a um mundo repleto de câmeras. Seus sentidos lhe mostram aspectos do mundo que ele nunca viu. Debaixo da pele humana, há uma Fera claustrofóbica que anseia por liberdade. O terno de carne humana abafa seus sentidos, somente a mudança o torna completo novamente.
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À medida que ele cresce, a raiva vai amadurecendo em sua alma e se fortalece, cresce junto até se transformar numa força de intensidade brutal. Se ele permitisse, toda essa força o sufocaria até a morte, por isso ela precisa ser liberada e o lupino procura uma oportunidade para liberar toda essa ira. Ele assume sua forma real, como quando um guerreiro veste sua armadura... Só a Fera fala agora!
Por mais difícil que seja controlar os instintos predatórios, o lobisomem ainda assim precisa tentar. Aquele que cede com freqüência a sua raiva, que caça mesmo quando não tem fome ou devora a carne de seus irmãos acaba tornando-se cada vez mais bestial. Mas o lupino não pode negar a sua verdadeira natureza. A recusa de transformar-se a luz de sua Lua de Nascimento e correr por aí sob sua forma natural pode distorcer a noção de identidade do lobisomem e levá-lo a loucura.
O lobisomem não pode se render aos seus desejos predatórios, tampouco pode renegá-los. Somente ao trilhar um estreito caminho do equilíbrio, exatamente entre o homem e a fera é que ele encontra um pouco de paz. Esses momentos são fugazes e muito frágeis ao luar, mas representam o âmago e alma daquilo que faz o povo lupino continuar lutando.
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