sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Lobisomem


Fotografia de Ângela Araújo

Fantasmas assombram minha mente!
Escondi esqueletos no armário,
outros tantos cadáveres no porão,
espíritos do passado estão acorrentados em mim.

No meu cemitério particular o desobediente
chora e sua mãe não ouve.
Da carne o sangue, arrependimento sem perdão.
O céu é uma mentirinha mal contada
e o inferno fica bem aqui.
Então não Comte com Dante para ajudar.

Meu encanto esconde meu retrato
como fez com Dorian também.
Quem se deita comigo acorda com a fera
e não há nada de belo num licantropo.

Na lua cheia esvazio minha devassidão,
alimento-me da luxuria do seu coração,
por baixo dos panos separo a pele,
lábios pudicos se abrem em êxtase.
Uso do amor para expor seu sexo
e da minha saliva para transformar sua vida.

Falo bem do bem e do mal,
não sou nem um e nem outro.
Hora homem e hora animal,
os dois sou eu.

Este é o pacto...
... Fique longe, a carne se abrasará,
porém o espírito se salvará.
Ou...
... Se entregue, o corpo se satisfará,
Entretanto a alma se perderá.


D. Obscuro

Lambido de Poemas de Amor

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