quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Lobisomens na Idade Média – Parte 1


Livro: Panorama Da Parapsicologia Ao Alcance De Todos
Autor: Edvino Augusto Friderichs
Capítulo: Licantropia
Páginas: 140 - 144

A transformação do homem em animal, sobretudo em lobo e cão, a tradicional crença do lobisomem, é encontrada em todos os países, através de todos os tempos. Ainda em 1573, num departamento francês, o Parlamento concedia autorização aos camponeses para caçar lobisomens. Naquela época houve condenações à morte sob alegação de que o culpado, transformado em lobisomem, atacava e matava pessoas, sobretudo crianças, não raro diversas ao mesmo tempo. Por vezes aconteceu de o próprio culpado confessar o seu crime, cometido quando havia ele se transformado num animal, apesar de consistir a punição em ser queimado vivo. “Em 1598 foi julgado pelo Tribunal de Angers um caso desse gênero, muito interessante. Numa zona perdida desse Departamento, foi encontrada uma criança morta, cujo cadáver, em parte, já havia sido devorado. Por ocasião dessa descoberta, foram vistos dois lobos que fugiram. Pouco adiante encontraram um homem em estado selvagem, tendo as mãos sujas de sangue e as unhas compridas como garras. Na prisão declarou que, por meio de uma pomada recebida por seu pai transforamara-se, assim como seus companheiros, em lobisomem. Acrescentou que havia atacado a criança, matando-a por sufocação e que os dois lobos que haviam fugido eram seus parentes. Ele reconheceu o cadáver da criança, indicou o lugar do crime e deu ainda outros pormenores. O criminoso foi condenado à morte, mas depois se verificou que se tratava de um idiota, foi metido num asilo de loucos. Em alguns casos, o indivíduo sofre alucinações de se ter transformado num lobisomem e comporta-se segundo essa idéia fixa, saindo à noite, penetrando em cemitérios e percorrendo descampados.”

Quase sempre o Homem-Lobo era o próprio Diabo. Algumas vezes o Lobo era “embruxado” pelo Demo. Era corrente considerar-se que um bruxo transformado em animal, vagasse pelos campos sob aquela forma para causar malefícios aos cristãos. Os autores antigos falam com terror dos lobisomens devoradores de crianças. A superstição da licantropia tornou-se uma verdadeira praga, imaginando-se que várias pessoas se encontravam cobertas de pelos, com garras, terríveis dentes e eram acusadas de ter matado em suas correrias noturnas, animais e homens e principalmente crianças.

Outros licantropos foram surpreendidos andando pelos campos sobre as mãos e imitando uivos de lobos, imundos, manchados de sangue e levando restos de cadáveres. Quando se suspeitava que um lobisomem errava pelos campos e arredores de uma população, toda ela era movimentada para a caçada do monstro. A Licantropia geralmente não atacava apenas a um homem, mas muitos eram atacados do mesmo mal e ao mesmo tempo. O lobisomem diferenciava-se do verdadeiro lobo por ter o pelo por dentro, entre a carne e a pele. Deixam rastros como os lobos, possuem olhos ferozes e brilhantes, praticam as mesmas iniqüidades, estrangulam cachorros, esgoelam crianças e são atraídos pela carne humana, e até tem a ousadia de praticar tais atos na presença de homens. Repartem entre si a carne quando estão fartos, começam a uivar para chamar os outros. Os caçadores ufanavam-se de tal comportamento e não desmentiam suas atitudes nem sequer quando eram condenados. Em muitos casos parece ter sido a loucura que proporcionou tal atitude de comportamento, bem como as alucinações, pois os bruxos usavam ungüentos e composições com ópio, beladona e outros tóxicos, cujo efeito é hoje por demais conhecido no mundo dos psicotrópicos. 

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