Livro: Panorama Da Parapsicologia Ao Alcance De
Todos
Autor: Edvino Augusto Friderichs
Capítulo: Licantropia
Páginas: 140 - 144
Autor: Edvino Augusto Friderichs
Capítulo: Licantropia
Páginas: 140 - 144
A
transformação do homem em animal, sobretudo em lobo e cão, a tradicional crença
do lobisomem, é encontrada em todos os países, através de todos os tempos.
Ainda em 1573, num departamento francês, o Parlamento concedia autorização aos
camponeses para caçar lobisomens. Naquela época houve condenações à morte sob
alegação de que o culpado, transformado em lobisomem, atacava e matava pessoas,
sobretudo crianças, não raro diversas ao mesmo tempo. Por vezes aconteceu de o
próprio culpado confessar o seu crime, cometido quando havia ele se
transformado num animal, apesar de consistir a punição em ser queimado vivo. “Em
1598 foi julgado pelo Tribunal de Angers um caso desse gênero, muito
interessante. Numa zona perdida desse Departamento, foi encontrada uma criança
morta, cujo cadáver, em parte, já havia sido devorado. Por ocasião dessa
descoberta, foram vistos dois lobos que fugiram. Pouco adiante encontraram um
homem em estado selvagem, tendo as mãos sujas de sangue e as unhas compridas
como garras. Na prisão declarou que, por meio de uma pomada recebida por seu
pai transforamara-se, assim como seus companheiros, em lobisomem. Acrescentou
que havia atacado a criança, matando-a por sufocação e que os dois lobos que
haviam fugido eram seus parentes. Ele reconheceu o cadáver da criança, indicou
o lugar do crime e deu ainda outros pormenores. O criminoso foi condenado à
morte, mas depois se verificou que se tratava de um idiota, foi metido num
asilo de loucos. Em alguns casos, o indivíduo sofre alucinações de se ter
transformado num lobisomem e comporta-se segundo essa idéia fixa, saindo à
noite, penetrando em cemitérios e percorrendo descampados.”
Quase
sempre o Homem-Lobo era o próprio Diabo. Algumas vezes o Lobo era “embruxado”
pelo Demo. Era corrente considerar-se que um bruxo transformado em animal,
vagasse pelos campos sob aquela forma para causar malefícios aos cristãos. Os
autores antigos falam com terror dos lobisomens devoradores de crianças. A
superstição da licantropia tornou-se uma verdadeira praga, imaginando-se que
várias pessoas se encontravam cobertas de pelos, com garras, terríveis dentes e
eram acusadas de ter matado em suas correrias noturnas, animais e homens e
principalmente crianças.
Outros
licantropos foram surpreendidos andando pelos campos sobre as mãos e imitando
uivos de lobos, imundos, manchados de sangue e levando restos de cadáveres.
Quando se suspeitava que um lobisomem errava pelos campos e arredores de uma
população, toda ela era movimentada para a caçada do monstro. A Licantropia
geralmente não atacava apenas a um homem, mas muitos eram atacados do mesmo mal
e ao mesmo tempo. O lobisomem diferenciava-se do verdadeiro lobo por ter o pelo
por dentro, entre a carne e a pele. Deixam rastros como os lobos, possuem olhos
ferozes e brilhantes, praticam as mesmas iniqüidades, estrangulam cachorros, esgoelam
crianças e são atraídos pela carne humana, e até tem a ousadia de praticar tais
atos na presença de homens. Repartem entre si a carne quando estão fartos,
começam a uivar para chamar os outros. Os caçadores ufanavam-se de tal
comportamento e não desmentiam suas atitudes nem sequer quando eram condenados.
Em muitos casos parece ter sido a loucura que proporcionou tal atitude de
comportamento, bem como as alucinações, pois os bruxos usavam ungüentos e
composições com ópio, beladona e outros tóxicos, cujo efeito é hoje por demais
conhecido no mundo dos psicotrópicos.
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