terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Dê Adeus ao Inverno Passado

Por Eduardo Rodrigues

Acordei logo pela manhã, não estava tão quente, nem tão frio, quando o meu corpo dava por avisar que iria logo eu ter febre, liguei a torneira da banheira e me deitei, tirei as roupas, precisava de uma banho urgente, afinal eram muitas aquelas que cobriam meu corpo e naquela escuridão matutina natural de todos, eu estava decidido à tomar banho...

Era mais uma vez dia 24 de Dezembro, e lá estava eu novamente, com sono, e continuando naquela escuridão matutina, naquela data onde há milhares de quilômetros, uma família estaria indo visitar um túmulo qualquer, ao invés de se reunir para comemorar as festividades, todos envoltos de uma única mesa recheada de abundantes alimentos, onde efetuariam as suas ações de graças, mas não... Novamente por minha culpa eles não poderiam desfrutar de mais um recesso em mais um ano...

Era o meu mais sério problema de se acordar numa data qualquer e sentir a minha ferida sangrando... Latejando e se tornando mais sangrante do que na data anterior, envolvendo todas as minhas memórias num contorno de uma vida... Sim, enormes feridas marcadas pelo destino que nem mesmo o tempo foi capaz de curar, por que foi somente abrir mão de uma coisa para o restante falhar.

Mas ainda era natal, mesmo que naquele lugar sem neve, localizado quase no outro extremo do planeta, era também lá o dia 24 de Dezembro, um dia especial, lá fora em meio à uma floresta sem som, nenhuma pessoa com capacidade mental suficiente teria resistido tanto tempo longe das pessoas, isolada em meio à escuridão de uma floresta.

Mas ainda assim era Natal... Ou quem sabe, sua véspera... Entrar em uma banheira de mármore, sim, eu era  muito especial, igualmente à um anjo maligno no meio dos seres de luz, não existia maneira melhor de se explicar, afinal a mente de um escritor é uma armadilha mortal, ninguém que nela embarca é capaz de escapar com a sua sanidade mental intacta.

E que nem você imaginar que louco seria, se o bom velhinho, o também conhecido Papai Noel se transformar, mostrar na verdade ser um lobo, mas não um animal qualquer, mais um Papai Noel Lobisomem, que nos dias Vinte e Quatro de Dezembro sai em seu treno mágico, vindo não da Terra, mas sim da lua, passando pela casa de todos os lupinos e deixando pra todos uma pequena lembrança... E embaixo das árvores natalinas de carne, o que ninguém espera, será que eles comemoram mesmo desta maneira...

Ou uma coisa mais show ainda pense se o lobisomem Noel tivesse um plano de dominação do mundo humano, fazendo questão de invadir todas as casas para poder transformar todas as crianças em jovens lupinos, seria demais eu tenho que admitir e sinto muito por não ser essa a realidade, ou talvez seja e ninguém imagina...

O fato é que a mente de um escritor não pode parar, e de funcionar e mesmo durante crises emocionais ele tem de voltar à ativa, por que você alguém vai precisar...

Já era de tarde quando resolvi de lá sair, meu coração "sagrante" não havia cessado a hemorragia, mesmo naquela mesa de jantar longa e grande, a solidão veio à cobrar soluções, abandonar a família naquela área não havia sido uma boa solução, fugir de pessoas tão valorosas que eu amava... Passei a mão na minha barba branca e mesmo naquela solidão tinha de pensar na minha tarefa que eu tinha toda a responsabilidade de tornar realidade.

Logo de noite, pertinho da lareira cai no sono, esperando uma solução para o meu pandemônio e com um sorrisinho no meu rosto pálido, eu aguardei tudo voltar, era somente um soninho bobo, antes que eu de lá pudesse retornar...

Os Elfos e Gnomos Mágicos com tuas correntes ao meu encontram partiram, colocando a sacola mágica no carro, e  obrigando eu à ficar dirigindo, passando pela casa de todos, sem ao menos ser notado, deixando lembrancinhas para as pequenas criancinhas se sentirem lembradas.

Mas foi numa hora qualquer daquela noite mágica, enquanto muitos dormiam, que elas entraram dentro de uma casa, e foi neste momento que eu tive aquela visão encantadora, eu queria sair de dentro daquele carro voador,, mas também eu não queria decepcionar quem longe de mim precisa de mim... Não, ter feito isso uma vez já havia sido demais.

Olhei para ela somente uma vez, deixando minha imaginação me controlar, a sua luz resplandescente durante à noite, era como a luz para a esperança, talvez essa seria uma nova maneira de enxergar o mundo.

E a cena se repetia durante os anos seguintes, e assim foi por um longo tempo, até que um dia ela me entregou a chance de poder continuar com o meu desejo, e novamente lá eu estava eu de frente pra lareira, colocando os presentes debaixo da árvore de Natal, comendo os biscoitos e tomando o leite que as crianças deixavam pra mim.

E mesmo depois de tantos arrependimentos, depois de tantos sofrimentos, era de se alegrar ver as jovens crianças, pensando que quem colocava os presentes era na verdade um velho barbado e gordo, quando, na verdade, eles não imaginam que este cara sou eu...  O cara que antes estava sendo preso e que se libertou, e que por prazer de ver todos

E vocês já se perguntaram por onde anda o Papai Noel nos dias após o Natal? Se pensou que era no polo Norte errou, ele não gosta de frio, prefere ficar ao lado de quem gosta dele... E é com as suas evoluções do tempo que aprendeu a ser o "bom velhinho" que todos amam, mas é claro que os jovens lupinos sem meu presente não podem ficar, pois coisas valiosas recebemos todos os dias...

Moral da História: O tempo pode curar as feridas, se você encontrar e ser capaz de enxergar a coisa que lhe deixa feliz, resolver escapar dos problemas não é uma solução válida para nenhuma pessoa.

2 comentários:

Lupo D. Wolf disse...

simplesmente foda

Anônimo disse...

Obrigado Lupo. Confesso que comecei a gostar do feriado natalino depois deste conto. Imagina que louco um papai noel lobisomem entrando pela chaminé e deixando um pedaço de carne pra nós kkkk Brincadeiras...

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