Encarcerado pelos crimes que nem sequer cometeu, ele estava sendo penalizado mais do que o normal, pois se castigava acima de tudo, não era um criminoso, mas acabava por se considerar como tal. O olhar inocente e choroso por entre as grandes em nada abalava na opinião dos guardas ao seu redor, para eles, todos eram monstros, alguns bem mais que os outros, mas todos eram assim mesmo.
Dias longos e noite intermináveis, o silêncio das madrugadas era sempre quebrado por uivos distantes de seus irmãos, isso lhe soava como uma zombaria, uma chacota daqueles que erravam e continuavam libertos. As lamúrias dos outros condenados chicoteavam sua mente, em toda a cela havia cheiro de antigos encarcerados que já passaram pelo mesmo sofrimento e os fantasmas deste passado se faziam mais e mais presentes a cada momento.
O corpo fixava-se com força num lugar qualquer, os olhos de encontro com a Lua faziam com que a mente viajasse rapidamente como a forte correnteza de um rio que corria loucamente por todas as direções, a prisão, em si, não o machucava, a propósito aquela seria apenas mais uma das correntes que amarravam seu resto de corpo, antes a própria carne, depois os panos e agora tijolos e ferros.
Como se tratava de morte, deveria ser uma digna, continuando de pé, como um bom e bravo guerreiro, sem rendimento, mas estava complicado seguir até mesmo aos próprios conselhos. Em breve seu cheiro se misturaria ao dos antigos prisioneiros e ele seria apenas mais uma lembrança naquele fétido local. Sua mente o confundia com incoerências, sua preparação não era suficiente pro momento.
- Últimas palavras senhor? Algum último desejo?
Um só desejo era pouco, mas com toda certeza se ele pudesse escolher ele pediria por liberdade, mas raciocinando pela sua última vez e com os olhos cheios de lágrimas, ele braveja:
- Vida... Honra... E Morte!
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