quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Distopia



A noite se aproxima e os dedos sombrios do céu tocam a cidade enquanto o sol afunda no horizonte. As sombras se projetam cada vez mais negras e em meio ao silêncio e a escuridão, aguardo por uma luz, talvez um simples farol de carro ou até quem sabe, a luz da loucura ou da morte.

Houve vezes em que pensei estar enlouquecendo, algumas vezes até sei que enlouqueci. Abro meus olhos e pergunto se isto é o inferno ou o céu, mas nada escuto como resposta, senão meu próprio coração e minha respiração ofegante que comprovam que ainda estou vivo.

A mente volta a fluir, mas as informações saem incoerentes e as palavras estão desconectas. Ainda assim me sinto forte, era a loucura me dando força para achar que o mundo poderia morrer a qualquer momento e eu ainda iria ter alguma saída, mas não sou nenhum rei e o mundo ainda não morreu. A corrupção e toda a mentira ainda o mantinham vivo por mais tempo.

Sou uma ameaça ao mundo e a qualquer momento vão notar isso. Pessoas morrem todos os dias e eu não posso impedir, é como uma reação em cadeia que faz com que meus esforços fossem sempre em vão. Dizem que eu tenho sorte, talvez eu realmente a possua, mas sei que ela não dura.

O mundo continuava a ser devorado por trevas, mas meio a escuridão eu finalmente encontro a luz que tanto procurava e uma voz firme grita ao meu ouvido: “Lute!”. Logo eu não teria mais medo, sei até porque continuar lutando. Luto por ela, luto porque eu preciso, porque não vão tirar tudo de mim, nunca mais!

Minha luz questiona se estou bem, a resposta ainda vem num tom fraco, choroso: “Não estou! Mas o jeito é seguir tocando a vida.” Não me daria ao luxo de cair, as conseqüências seriam caóticas e não posso desistir, mesmo com todos esses ferimentos e essas dores eu preciso continuar de pé.

Não chego a ser a salvação, muito menos um herói, mas faço parte da importância que tudo isso dá as pessoas, mas aquelas que não acreditam nas palavras de um louco, mesmo que reajam desejando que eu morra a qualquer momento e até mesmo se isso desgraçar a minha vida e ninguém precisar mais de mim, ainda assim estarei pronto.

Gabriel D'Amorim

2 comentários:

thaii disse...

Nossa, um dos melhores textos sesu que ja li menino !

Little J. disse...

Você escreve muito bem, não conhecia seu lado escritor Gabriel, gostei muito do blog e do texto!Parabéns

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