sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Dor de um Fardo

 Juro que terminei de ler esse texto com os olhos cheios de lágrimas, espero que gostem tanto quanto eu gostei!



Foi tão depressa que não percebi! Quando dei por mim, já era tarde. Daria tudo, ali naquele instante, para que fosse apenas um sonho ruim, um devaneio...mas era realidade. Essa noite, o uivo de meus irmãos será de sofrimento, e a lua prateada no céu, será mais uma lembrança de meu fardo, daquilo que carreguei comigo por toda vida. 

Perdoai este lobo e seus pecados, perdoai minha fúria ainda sem aprendizado. Eis aqui, nos meus braços, o corpo imóvel que exemplifica minha maldição. Tento beijar seus lábios frios, procurando desesperadamente uma solução, ressuscitá-la do mundo dos mortos, a abraço forte tentando tirar toda minha angústia. Mas no íntimo eu sei, de nada adianta. Urro de dor e revolta, tento criar coragem para enterrar o corpo daquela que deu esperanças à um pobre maldito. 

De longe, ouve-se o início do uivo da alcatéia afim de compartilhar minha dor, e diante de meu remorso, volto aos poucos a minha forma humana. Entro na escuridão da floresta, aos olhos acesos de meus companheiros vigilantes, abro uma cova funda, mesmo sabendo que a profundidade não apagará meu erro. Dou adeus, deito-a delicadamente e a cubro com o lençol de terra. Volto para casa, marcado com seu sangue inocente em minhas roupas. Os lobos ainda estão atentos, eles pressentem meu próximo passo, mas a dolorosa decisão já está tomada! Entrego-me por completo à morte afim de libertar-me, para assim, quem sabe, encontrá-la no outro lado da vida e tentar explicá-la que sempre a tive em pensamentos, ela era minha garota em forma de fênix onde me fazia renascer das cinzas durante o dia, e nunca sequer ousaria magoá-la. Começo a ficar tonto, cambaleando, enfim caio no chão, o sangue me cerca, e quando minha vista aos poucos começa a escurecer...surge uma luz. É ela, linda como um anjo, estendendo a mão e sussurrando: -Vem comigo, pois eu te perdôo.

Claudio A. B. Cavalcanti Jr.

Direitos e Esquerdos reservados pelo autor do texto.
A cópia acima é de reconhecimento do autor. 

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