Uma lenda muito antiga que vaga no mundo por tanto tempo e de formas tão diferentes que já não se consegue rastrear a verdadeira origem, se é que há uma origem e não várias.
Mas isso não importa mais, nem sequer importava o porque tinha se tornado o que era, sua única esperança era acreditar naquele cara estranho que lhe prometera a redenção e sua vida de volta. Pensava o jovem lobo de cima do pequeno prédio, sua pelagem cinzenta balançando ao vento do verão que chegara, esperando a lua estar no alto do céu e as nuvens escassas se dissiparem.
Eram 01:10 da madrugada quando decidiu agir, habilmente deslizou pela lateral do prédio usando suas garras para aparar a velocidade da queda. Antes de chegar ao telhado do estacionamento, saltou para trás, caindo no terreno baldio ao lado sendo aparado pelo mato alto que havia ali. Antes de partir repassou mentalmente o terreno adiante, iria pular o muro à esquerda e seguir pelos terrenos até o penúltimo, dali seguiria para o norte atravessando a rua e o quartel do exército.
Na calçada à direita havia um sentinela longe demais para notar qualquer coisa, à frente um muro de grades de 1 metro, dentro do terreno também a direita outro sentinela, mas este armado com fuzil e à esquerda em uma guarita dentro do terreno também armado, sua vigilância era para a rua então se não fizesse nenhum barulho alto demais não seria notado, seguindo em frente por uma pista de obstáculos e bem à esquerda em uma guarita colada ao muro outro sentinela armado e um morro inclinado a frente, subindo o morro encontraria ainda mais uma sentinela armada, se passasse despercebido conseguiria utilizar uma das árvores no pé do morro como estilingue para arremessá-lo no terreno em frente sem ser notado pelos cães de guarda.
Seu coração pulsava a pondo de senti-lo fazer pressão na lateral da cabeça, depois de tanto tempo finalmente estava a metros de distância do réquiem, um pano negro com círculos e simbologias de várias culturas. Correria com os quatro membros afim de agilizar sua velocidade. Respirou fundo mal contendo sua ansiedade e partiu. Deixando em poucos segundos os muros atrás de si e subindo o morro como se fosse nada, seu objetivo cada vez mais perto e os obstáculos deixados para trás com facilidade, em cima do morro viu a sentinela virada para a esquerda observando a estrada abaixo, então vendo isso relaxou um pouco, um erro grave.
Com toda a ansiedade não percebeu o pequeno Quero-quero que repousava em seu ninho, quando ia pousar nas patas dianteiras do salto da corrida uma delas pegou exatamente em cima da ave, a falta de solidez fez com que torcesse a pata fazendo com que caísse, girado diversas vezes, terminando com de costas, num salto levantou-se e continuou correndo até a beira onde pegou todo o impulso que podia e saltou, pensou consigo "quase lá...", então ouviu um barulho que qualquer um num raio de um quilômetro ouviria, BANG!
O lobo olhou levemente para trás e encontrou a sentinela sentado em meio a areia da pista de corrida com o fuzil no chão logo atrás de suas costas ainda soltando a fumaça do tiro. "Se não fosse a bandoleira aquela arma teria ido bem mais longe", Pensava enquanto uma pergunta apareceu, "Aonde ele atirou?". A resposta não tardou quando segurou o galho e estava impulsionando o salto para fora do terreno sentiu o braço amolecer, o tiro, por puro azar, o atingiu no ombro sentiu a mão se abrir sem forças no meio do empuxo e ser arremessado para cima.
Caindo no meio fio do outro lado da rua, a queda de 12 metros cobrou seu preço, além do buraco do tiro e a fraqueza no braço direito a queda lhe custou 2 costelas e uma clavícula, longe de ser qualquer coisa fatal mas isso o impediria completamente de lutar seja ela qual for, o sentinela daquele posto vinha correndo para seu posto enquanto ouvia-se gritos de alarme acordando a vizinhança, seu alvo sem dúvida acordou com o latir dos cães, por entre os dentes cerrados de raiva e a dor que sangrava de suas feridas, tomou uma decisão coerente com a situação, virou-se e correu, sumindo nas ruas rapidamente.
Autor: Jean Lamim
Edição: Hugo Antônio
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