Temporada de Caça

A época perfeita havia chegado finalmente, o Outono, tudo parecia muito mais assustador que o normal e isso de alguma forma nos deixavam mais respeitado, mas num ano como esse (1233) onde tantas coisas estranhas aconteciam e o preconceito tomava conta de tudo, era mais simples aceitar o próximo e ter a total certeza de que não seria respeitado.

Eles deram o nome de Inquisição, uma Santa Inquisição, que nós chamávamos de Temporada de Caça e que não era lá muito santa, até por que nós é que éramos a caça.

As noites de Outono pareciam tão convidativas, porém muito perigosas também, ou seja, o convite mais que perfeito para qualquer alma aventureira, e nós éramos a aventura daquele lugar monótono e sombrio. Na verdade, nem é pela beleza da noite ou pelo calor do perigo que nós costumávamos sair, acima de tudo era algo muito lucrativo, as balas que eram usadas na santíssima caçada eram todas da mais bela, pura e benta prata que depois de uns doze ou treze tiros arrecadavam uma excelente renda para um mês todo.

Loucura?! Não! Aquilo tudo era uma mistura de beleza, diversão e lucro, até parecia algo santo mesmo vendo por esse lado. Vai ver o Deus deles era um pai-padrasto tão bom que além de trazer a alegria da caçada aos filhos ainda dava moedinhas ao enteado.

A temporada de Caça estava aberta, erguiam-se cruzes de um lado e de outro viam montes de ternos de couro humano sendo rasgados e feras brotando por todos os lados, as vontades eram de que todas as balas estivessem bem quentes para que naquele frio, elas pudessem aquecer ainda mais o sangue dos guerreiros-animais a serem caçados.

Sons de tiros, perfeito! A noite vai ser rentável. Interessante seria durar mais de uma noite.